domingo, 23 de outubro de 2011

O que é Bullying ?



Bullying é uma situação que se caracteriza por agressões intencionais, verbais ou físicas, feitas de maneira repetitiva, por um ou mais alunos contra um ou mais colegas. O termo bullying tem origem na palavra inglesa bully, que significa valentão, brigão. Mesmo sem uma denominação em português, é entendido como ameaça, tirania, opressão, intimidação, humilhação e maltrato.

"É uma das formas de violência que mais cresce no mundo", afirma Cléo Fante, educadora e autora do livro Fenômeno Bullying: Como Prevenir a Violência nas Escolas e Educar para a Paz (224 págs., Ed. Verus, tel. (19) 4009-6868 ). Segundo a especialista, o bullying pode ocorrer em qualquer contexto social, como escolas, universidades, famílias, vizinhança e locais de trabalho. O que, à primeira vista, pode parecer um simples apelido inofensivo pode afetar emocional e fisicamente o alvo da ofensa.
Além de um possível isolamento ou queda do rendimento escolar, crianças e adolescentes que passam por humilhações racistas, difamatórias ou separatistas podesm apresentar doenças psicossomáticas e sofrer de algum tipo de trauma que influencie traços da personalidade. Em alguns casos extremos, o bullying chega a afetar o estado emocional do jovem de tal maneira que ele opte por soluções trágicas, como o suicídio.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil


Conjunto de referências e orientações pedagógicas que visam contribuir com a implantação ou implementação de práticas educativas nas creches e pré-escolas, voltado para os profissionais da educação que lidam com crianças de zero a seis anos.

Faça o download dos três volumes:



volume 1


Volume 2


Volume 3

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Livro didática de Libâneo


Estou postando um link para os leitores deste blog baixar um livro de José Carlos Libâneo sobre didática que encontrei em uma das  minhas pesquisas na net.


Para fazer o download CLIQUE AQUI

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Os Bem-Aventurados da Crianças Deficientes


1.Bem aventurados os que compreendem o meu estranho caminhar e 
as minhas mãos atrofiadas.
2.Bem aventurados os que sabem que os meus ouvidos têm que se 
esforçar para compreender o que dizem.
3.Bem aventurados os que compreendem que, ainda que os meus 
olhos brilhem, minha mente é lenta.
4.Bem aventurados os que olham e não vêem a comida que eu 
deixo cair fora do prato.
5.Bem aventurados os que, com um sorriso nos lábios, me estimulam
 a tentar mais uma vez.
6.Bem aventurados os que nunca me lembram que hoje fiz a mesma
 pergunta duas vezes.
7.Bem-aventurados os que compreendem como é difícil converter 
em palavras os meus pensamentos.
8.Bem aventurados os que me escutam, pois eu também tenho 
algo a dizer.
9.Bem aventurados os que sabem o que sente o meu coração, 
embora eu não consiga me expressar.
10.Bem aventurados os que me amam como sou, tão somente 
como sou e não como eles gostariam que eu fosse.

(extraído da publicação “Informaciones para padres de niños y jovenes 
com necessidades especiales. Serrano, J.ª  Marrero, E. Blas. G. C. de San – 
Mérida – Venenzuela – 1989)

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Jean Piaget - tendência cognitiva



Assista a este vídeo sobre Jean Peaget e a tendência cognitiva, os professores  podem ter uma melhor compreensão do erro e de como usá-lo para construção do conhecimento.

PENSAMENTO INFANTIL O DESENHO DA CRIANÇA


Conheça um pouco mais sobre como acontece o pensamento infantil durante o ato de desenhar.

O desenho e o desenvolvimento das crianças

Os rabiscos ganham complexidade conforme os pequenos crescem e, ao mesmo tempo, impulsionam seu desenvolvimento cognitivo e expressivo

Reprodução/Agradecimento Creche Central da Universidade de São Paulo (USP)
"Sabia que eu sei desenhar um cavalo? Ele está fazendo cocô." 
"Vou desenhar aqui, que tem espaço vazio."

"O cavalo ficou escondido debaixo disso tudo!" Joana, 3 anos

Reprodução/Agradecimento Creche Central da Universidade de São Paulo (USP)

No início, o que se vê é um emaranhado de linhas, traços leves, pontos e círculos, que, muitas vezes, se sobrepõem em várias demãos. Poucos anos depois, já se verifica uma cena complexa, com edifícios e figuras humanas detalhados. O desenho acompanha o desenvolvimento dos pequenos como uma espécie de radiografia. Nele, vê-se como se relacionam com a realidade e com os elementos de sua cultura e como traduzem essa percepção graficamente.

Toda criança desenha. Pode ser com lápis e papel ou com caco de tijolo na parede. Agir com um riscador sobre um suporte é algo que ela aprende por imitação - ao ver os adultos escrevendo ou os irmãos desenhando, por exemplo. "Com a exploração de movimentos em papéis variados, ela adquire coordenação para desenhar", explica Mirian Celeste Martins, especialista no ensino de arte e professora da Universidade Presbiteriana Mackenzie. A primeira relação da meninada com o desenho se dá, de fato, pelo movimento: o prazer de produzir um traço sobre o papel faz agir.

Os rabiscos realizados pelos menores, denominados garatujas, tiveram o sentido ampliado sob o olhar da pesquisadora norte-americana Rhoda Kellogg, que observou regularidades nessas produções abstratas (veja no topo da página o desenho de Joana, 3 anos, e sua explicação). Observando cerca de 300 mil produções, ela analisou principalmente a forma dos traçados (rabiscos básicos) e a maneira de ocupar o espaço do papel (modelos de implantação) até a entrada da criança no desenho figurativo, o que ocorre por volta dos 4 anos.

No período de produção de garatujas, ocorre uma importante exploração de suportes e instrumentos. A criança experimenta, por exemplo, desenhar nas paredes ou no chão e se interessa pelo efeito de diferentes materiais e formas de manipulá-los, como pressionar o marcador com força e fazer pontinhos. Essa atitude de experimentação tem valor indiscutível na opinião de Rhoda: "Para ela 'ver é crer' e o desenho se desenvolve com base nas observações que a criança realiza sobre sua própria ação gráfica", ressalta Rosa Iavelberg, especialista em desenho e docente da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), no livro O Desenho Cultivado da Criança: Práticas e Formação de Educadores. Esse aprendizado durante a ação é frisado pela artista plástica e estudiosa Edith Derdyk: "O desenho se torna mais expressivo quando existe uma conjunção afinada entre mão, gesto e instrumento, de maneira que, ao desenhar, o pensamento se faz".
De início, a criança desenha pelo prazer de riscar 
sobre o papel e pesquisa formas de ocupar a folha.
Com o tempo, a criança busca registrar as coisas do mundo

Uma das principais funções do desenho no desenvolvimento infantil é a possibilidade que oferece de representação da realidade. Trazer os objetos vistos no mundo para o papel é uma forma de lidar com os elementos do dia a dia. "Quando a criança veste uma roupa da mãe, admite-se que ela esteja procurando entender o papel da mulher", explica Maria Lúcia Batezat, especialista em Artes Visuais da Universidade Estadual de Santa Catarina (Udesc). "No desenho, ocorre a mesma coisa. A diferença é que ela não usa o corpo, mas a visualidade e a motricidade." Esse processo caracteriza o desenhar como um jogo simbólico (veja abaixo o comentário de Yolanda, 5 anos, sobre seu desenho).
Reprodução/Agradecimento Creche Central da Universidade de São Paulo (USP)
"Esse aqui não é um coelho. Não me diga que é um coelho 
porque é um boi bebê. Eu estou fazendo uma galinha que foi 
botar ovo no mato. Quer dizer, uma menina que foi pegar plantas 
no mato para dar ao marido." Yolanda, 5 anos
Muitos autores se debruçaram sobre as produções gráficas infantis, analisando e organizando-as em fases ou momentos conceituais. Embora trabalhem com concepções diferentes e tenham chegado a classificações diversas, é possível estabelecer pontos em comum entre as evolutivas que estabelecem. Pesquisadores como Georges-Henri Luquet (1876-1965), Viktor Lowenfeld (1903-1960) e Florence de Mèridieu oferecem elementos para a compreensão dos desenhos figurativos das crianças, destacando algumas regularidades nas representações dos objetos.
Desenhar é uma forma de a criança lidar com a realidade que
 a cerca, representando situações que lhe interessam.
Mais cedo ou mais tarde, todos os pequenos se interessam em registrar no papel algo que seja reconhecido pelos outros. No começo, é comum observar o que se convencionou chamar de boneco girino, uma primeira figura humana constituída por um círculo de onde sai um traço representando o tronco, dois riscos para os braços e outros dois para as pernas. Depois, essa figura incorpora cada vez mais detalhes, conforme a criança refine seu esquema corporal e ganhe repertório imagético ao ver desenhos de sua cultura e dos próprios colegas.
Uma das primeiras pesquisas dos pequenos, assim que entram na figuração, é a relação topológica entre os objetos, como a proximidade e a distância entre eles, a continuidade e a descontinuidade e assim por diante. Em seguida, eles se interessam em registrar tudo o que sabem sobre o modelo ao qual se referem no desenho, e é possível verificar o uso de recursos como a transparência (o bebê visível dentro da barriga mãe, por exemplo) e o rebatimento (a figura vista, ao mesmo tempo, por mais de um ponto de vista). Assim, a criança se aproxima das noções iniciais de perspectiva e escala, estruturando o desenho em uma cena, sem misturar na mesma produção elementos de diferentes contextos (veja abaixo a produção de Anita, 5 anos, que detém essas características).
Reprodução/Agradecimento Creche Central da Universidade de São Paulo (USP)
"Vou desenhar a minha casa. Aqui é o portão e tem 
uma janela aqui." Anita, 5 anos 
"Dá para ver a sua mãe dentro de casa?"
 Repórter
"Não, porque a porta parece um espelho. Só daria

 se a janela estivesse aberta." Anita
O desenho é espontâneo ou é fruto da cultura?

Entre os principais estudiosos, há uma cizânia. Há os que defendem que o desenho é espontâneo e o contato com a cultura visual empobrece as produções, até que a criança se convence de que não sabe desenhar e para de fazê-lo. E há aqueles que depositam justamente no seu repertório visual o desenvolvimento do desenho. Nas discussões atuais, domina a segunda posição. "A única coisa que sabemos ser universal no desenho infantil é a garatuja. Todo o resto depende do contexto cultural", diz Rosa Iavelberg.
Detalhes da figura humana, noções de perspectiva 
e realismo visual são elementos da evolução do desenho.

Essa perspectiva não admite o empobrecimento do desenho infantil, mas entende que a criança reconhece a forma de representar graficamente sua cultura e deseja aprendê-la. Assim, cai por terra o mito de que ela se afasta dessa prática quando se alfabetiza. "O desenho é uma forma de linguagem que tem seus próprios códigos", diz Mirian Celeste Martins. "Para se aproximar do que ele expressa, é preciso fazer uma escuta atenta enquanto ele é produzido." Para Mirian, a relação entre a aquisição da escrita e a diminuição do desenho ocorre porque a escola dá pouco espaço a este quando a criança se alfabetiza - algo a ser repensado em defesa de nossos desenhistas.

* Os desenhos e os diálogos publicados nesta reportagem são de crianças de 3 a 5 anos da Creche Central da Universidade de São Paulo (USP)


ASSISTA AO  VÍDEO : PENSAMENTO INFANTIL - O 

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Como Organizar Um berçário.

Como organizar um berçário adequado

Um berçário ideal exige compreender as necessidades dos bebês de até 1 ano para construir um ambiente que potencialize o conforto e a segurança

Cristiane Marangon
Infografia: Alberto Faria, Luiz Iria e Vilmar Oliveira
Passar grande parte do dia deitado ou sentado, tirar várias sonecas e sujar as fraldas com freqüência são algumas das características dos bebês. Para atender essa faixa etária com qualidade, o ideal é oferecer um ambiente ao mesmo tempo seguro e capaz de garantir o desenvolvimento cognitivo, afetivo, motor e social. Bons exemplos são visores para dividir os cômodos (assim você pode estar num lugar e monitorar o que ocorre em outro), pisos lisos (para não acumular sujeira) e não escorregadios (para evitar quedas), o uso de azulejos no fraldário e no lactário (para garantir a higiene) e a eliminação de degraus e outros obstáculos (para permitir que as pessoas com deficiência e os pais cheguem à creche carregando bebês no colo ou no carrinho). No infográfico destas páginas, você encontra um berçário-modelo. Adapte-o à sua realidade e garanta que os bebês tenham as melhores condições possíveis de atendimento na creche.
No site do Ministério da Educação, você encontra os Parâmetros Básicos de Infra-estrutura para Instituições de Educação Infantil, que definem os padrões para construções escolares

sábado, 15 de janeiro de 2011

PCNs de 6º a 9º ano

sábado, 1 de janeiro de 2011

Adolescentes - Entender a cabeça dessa turma é a chave para obter um bom aprendizado

Fonte do texto: Revista Nova Escola

Uns parecem estar no mundo da lua. Outros, num ringue de boxe. Para driblar essas atitudes que prejudicam suas aulas, é preciso conhecer e respeitar as mudanças que ocorrem na adolescência, ganhar a confiança da turma e aproximar o conteúdo escolar do cotidiano da garotada

Meire Cavalcante

Joyce Costa Batista, 16 anos, Marcos Amaral,16 anos, Morizi Salles Martins,16 anos, Beatriz Maria Minghetti,17 anos, Antonio Carlos de Souza Jr., 17 anos, Fernando Ferreira Garabedian, 16 anos, Erick Tavares Albunaz, 18 anos, Joice Alves dos Santos, 16 anos
Joyce Costa Batista, 16 anos, Marcos Amaral,16 anos, Morizi Salles
Martins,16 anos, Beatriz Maria Minghetti,17 anos, Antonio Carlos de
Souza Jr., 17 anos, Fernando Ferreira Garabedian, 16 anos, Erick Tavares
Albunaz, 18 anos, Joice Alves dos Santos, 16 anos

"A culpa é dos hormônios." Até há bem pouco tempo, a indisciplina e o comportamento emocionalmente instável dos adolescentes eram atribuídos à explosão hormonal típica da idade. Pesquisas recentes mostram, no entanto, que essa não é a única explicação para a agressividade, a rebeldia e a falta de interesse pelas aulas, que tanto preocupam pais e professores. Nessa fase, o cérebro também passa por um processo delicado, antes desconhecido: as conexões entre os neurônios se desfazem para que surjam novas. Simplificando: o cérebro se "desmonta", reorganiza as partes e em seguida se "monta" novamente, de forma definitiva para a vida adulta (veja quadro).

Entre 13 e 19 anos, é comum os jovens apresentarem reações e comportamentos que independem da vontade deles. Portanto, nem sempre palavras ditas de maneira agressiva ou arrogante são fruto da falta de educação. Para quem convive diariamente com turmas dessa faixa etária - que ora parecem estar no mundo da lua, ora com pane no sistema - e quer conquistá-las, a saída é agir de forma firme, mas respeitosa.

Não adianta bater de frente

A primeira "lição" para quem trabalha com adolescentes é não tomar para o lado pessoal qualquer tipo de afronta vinda de um aluno. Responder a uma provocação no mesmo tom só faz você perder o respeito e a admiração do grupo — o que dificulta o trabalho em classe. Além disso, ao perceber que tirou o professor do sério, o jovem se sente vitorioso e estimulado a repetir a dose. "Educar não é um jogo em que se determina quem vence ou perde", afirma a psicopedagoga Maria Helena Barthollo, do Centro de Estudos da Família, Adolescência e Infância, no Rio de Janeiro. Ela sugere que a luta com a garotada dê lugar a parcerias. Os acordos incluem regras, direitos e limites que valem para todos, inclusive você.

O jovem, a partir dos 12 ou 13 anos, está passando por um período de instabilidade psicológica natural. De acordo com a psicopedagoga Nadia Bossa, professora da Universidade Santo Amaro, em São Paulo, nesse período ele revive conflitos típicos da infância. "Aos 2 ou 3 anos, quando a criança percebe sua fragilidade, grita, teima, testa os adultos. Quando a mãe, por exemplo, impõe um limite, ela tem a garantia de que está sendo cuidada", explica. O adolescente faz o mesmo. "Ele testa os limites dos adultos numa tentativa de estabelecer novos parâmetros de poder sobre sua realidade." Considerando a informação, fica mais fácil para você não interpretar reações intempestivas como uma agressão pessoal.

O professor de História Renato Mota Duarte, da Escola Municipal de Ensino Fundamental e Médio Derville Allegretti, em São Paulo, já se deu conta de particularidades dessa fase. "Não grito quando os alunos ignoram que eu entrei na sala. Dou bom dia e começo a chamada em voz baixa. Aos poucos eles se acalmam." Mas quando o professor encontra a turma na maior briga? É hora de estabelecer a ordem e ouvir os motivos da discussão. "Não adianta fingir que nada aconteceu porque a cabeça deles está longe da matéria", observa o professor de Ciências e Biologia Jefferson Marcondes de Carvalho, do Colégio Madre Alix, também em São Paulo. Nessas situações, ele age como um intermediário, levando os estudantes a entrar em acordo, mantendo sempre o respeito.

Os alunos precisam ter voz

Os dois educadores apostam na qualidade do relacionamento com os alunos como um dos fatores determinantes para a aprendizagem. Carvalho organiza oficinas de malabarismo com a turma e Duarte incentivou a grafitagem, depois de encontrar a parede do corredor pichada. Dessa forma, os alunos dele perceberam que tinham liberdade de pedir o que desejavam. "A escola tem que acolher as sugestões dos estudantes, analisá-las e ver se são viáveis. Assim, eles se sentem considerados e respeitados", explica Nadia Bossa.

Na escola de Duarte, a cada 15 dias os intervalos têm tempo dobrado, porque os estudantes fazem apresentações musicais para os colegas. O professor também trabalha a interação e o respeito entre os jovens, debatendo assuntos que tanto os inquietam, como sexualidade, drogas, violência e desemprego. Ele costuma atender cada um de seus alunos em particular. "Procuro saber como eles estão se sentindo, os problemas pelos quais estão passando e como é o relacionamento com a família. Deixo que fiquem à vontade para falar."

O interesse facilita a aprendizagem

Confiança e consideração: o professor Renato Duarte, da Escola Derville Allegretti, atende em particular cada um dos alunos, que confidenciam a ele angústias e inseguranças. Foto: Gustavo Lourenção
Confiança e consideração: o
professor Renato Duarte, da Escola
Derville Allegretti, atende em
particular cada um dos alunos,
que confidenciam a ele angústias
e inseguranças.
Foto: Gustavo Lourenção

Confiança e consideração: o professor Renato Duarte, da Escola Derville Allegretti, atende em particular cada um dos alunos, que confidenciam a ele angústias e inseguranças
Se os adolescentes admiram e respeitam o professor, ele já tem meio caminho andado para desenvolver os conteúdos curriculares. Para percorrer a outra metade do caminho, é preciso ter boas táticas. Uma das melhores formas de ensinar os jovens é fazer da sala de aula algo bem próximo do mundo deles. Por isso, Duarte fica por dentro da onda hip-hop e aprende parte da linguagem e dos interesses da garotada, enquanto Carvalho assiste à MTV — canal aberto com programação dirigida aos jovens — para saber as novidades. Ambos já sabem que o adolescente só retém na memória o que chama muito a atenção. E a ciência confirma o que eles concluíram no dia-a-dia. Atividades feitas com base em um rap que a moçada adora, por exemplo, permitem que as informações sejam fixadas na memória com mais facilidade.

"A música estimula o lobo temporal no cérebro e faz com que os circuitos estabelecidos com o córtex pré-frontal — região que analisa a informação — sejam mais consistentes", afirma a neuropediatra Tania Saad, professora do Instituto Brasileiro de Medicina de Reabilitação, no Rio de Janeiro. O lobo frontal é a região responsável pelas emoções e pelas experiências de vida. Como o cérebro está se reorganizando, o adolescente não tem idéia do que é ou não importante. Por isso, se ele não vê relevância de uma informação para sua vida, o novo dado se perde no turbilhão que é a sua cabeça.

Para fazer das aulas algo que instigasse seus alunos da 6ª série, Carvalho recebeu o jogo Super Trunfo com entusiasmo em sala. Na brincadeira, vence quem tem as cartas com carros mais potentes ou velozes. Com base no conteúdo estudado, a meninada bolou o Super Trunfo Animal. Os alunos pesquisaram vertebrados e invertebrados e levantaram uma série de características de diversos bichos. Eles criaram os critérios de pontuação, que variaram conforme a sala. "Numa turma, os animais em extinção venciam porque eram raros. Em outra, eles perdiam porque, se houvesse uma alteração ambiental, seriam os primeiros a morrer", conta Carvalho.

Duarte vai pelo mesmo caminho e igualmente relaciona o cotidiano dos alunos aos temas do currículo. "Pedi para eles observarem onde eram fabricados os tênis ou as canetas que usavam. Essa foi a forma de introduzir a discussão sobre a abertura econômica da década de 1990 e os índices de desemprego no Brasil", comenta. "Quando o professor aproxima o conteúdo escolar dos interesses dos alunos, a necessidade de resistir fica em segundo plano", analisa Nadia Bossa.

Quando o problema é outro

O mundo do jovem na escola: a turma de Jefferson de Carvalho, do Colégio Madre Alix, aprendeu Ciências ao adaptar um popular jogo de cartas. Foto: Manuel Nogueira
O mundo do jovem na escola: a
turma de Jefferson de Carvalho,
do Colégio Madre Alix, aprendeu
Ciências ao adaptar um popular
jogo de cartas.
Foto: Manuel Nogueira

Nem sempre, contudo, atitudes inadequadas do aluno são totalmente justificadas pela fase por que passa. Agressividade ou problemas de socialização podem ter causas mais sérias, com as quais o adolescente não sabe lidar. "Vale o professor ficar atento também à vida familiar do estudante", alerta Tania Saade. "O jovem não tem um bom rendimento escolar se os pais o agridem física ou moralmente."

Há ainda alunos que chegam à adolescência com problemas auditivos ou visuais nunca tratados, o que justifica o desinteresse pelas aulas. Outro tipo de caso citado pela neuropediatra é o dos estudantes que não cursaram a Educação Infantil. Nessa etapa da escolarização, o aluno aprende a se socializar e a conviver com regras, além de desenvolver a linguagem oral e a psicomotricidade. "É fundamental o professor estudar o histórico completo do aluno e estar atento ao que se passa com ele fora da escola", recomenda Tania.

Trabalhar dessa maneira — conhecendo bem o aluno, fazendo pontes constantes entre o mundo jovem e a matéria a ser dada e driblando o comportamento agitado da turma — requer comprometimento, planejamento apurado e alto grau de paciência. Para não perder o equilíbrio, as especialistas dão uma sugestão importante: deixe seus problemas do lado de fora da sala e não absorva aqueles que surgirem lá dentro. Não é fácil, mas dados os primeiros passos, não só o conteúdo vai ser bem trabalhado como também a formação humana, que justifica a existência da escola.

Cada atitude pede uma solução

Você evita prejudicar suas aulas quando lida adequadamente com reações típicas da adolescência.

Desinteresse — O jovem está mais preocupado com a roupa que vai usar do que com os presidentes da época da ditadura. Tente saber o que passa pela cabeça dele e contemple em suas aulas as dúvidas que traz sobre sexualidade, por exemplo, por meio de dinâmicas, pesquisas ou debates. Para não expor ninguém, procure ter conversas particulares. O estudante precisa sentir que a escola satisfaz suas expectativas.

Agressividade — Vandalismo e agressões verbais e físicas, por exemplo, podem ser resposta do jovem ao mundo que o cerca. Cobranças por bom desempenho escolar e por atitudes maduras geram ansiedade e reações inadequadas, já que ele não se sente apto a atender às expectativas. Procure saber como é o relacionamento do aluno com os pais e que idéia faz de si mesmo e de seu futuro. Se ele encontrar na escola um local para expressar seus pensamentos e descobrir suas aptidões, o nível de ansiedade e a agressividade diminuem.

Arrogância — O adolescente acha que pode tudo. A idéia de que está sempre certo faz com que ele desdenhe do que é dito ou imposto. Em vez de responder à altura, uma boa solução é questioná-lo. Peça que explique o que tem em mente e pergunte porque usou aquele tom de voz. Para responder, ele vai formular melhor os argumentos. Pode ser que reconheça o erro, mas, mesmo se ele mantiver o que disse, já terá ao menos aprendido a se expressar de forma educada.

Rebeldia — Você sugere à turma a apresentação oral de um conteúdo estudado. Responder com um baita "Ah, não!" geralmente é a primeira reação. Os motivos podem ser insegurança ou mesmo uma forma de se auto-afirmar frente aos colegas. O problema é quando a negação vem de forma brusca. O melhor a fazer, nesse caso, é não entrar no embate já que o jovem testa os mais velhos para ver até onde pode ir. Ao falar o que é necessário e deixar claro o papel de cada um, você conquista o respeito deles pelo bom exemplo.

Resistência — O jovem quer experimentar tudo, viver tudo, saber de tudo. Só que tem sempre um adulto dizendo o que ele não pode fazer. Mesmo que essas sejam orientações sensatas, é preciso compreender que sensatez ainda não é uma qualidade que eles valorizam. O adulto é quem impede as coisas que dão prazer. Por isso a resistência ao que vem do professor ou dos pais (e nisso se inclui o conteúdo escolar). Antes de começar a aula, por que não bater um papo rápido sobre algo que interessa à moçada? Aberto o espaço, os jovens baixam a guarda e percebem que para tudo tem hora.

A neurologia explica

Tudo o que pode parecer estranho no comportamento dos adolescentes tem explicação neurológica. A falta de interesse pelas aulas, por exemplo, é conseqüência de uma revolução nas sinapses (conexões entre as células cerebrais — os neurônios). Nessa etapa da vida, uma série de alterações ocorre nas estruturas mentais do córtex pré-frontal — área responsável pelo planejamento de longo prazo e pelo controle das emoções —, daí a explicação para ações intempestivas e às vezes irresponsáveis.

Por volta dos 12 ou 13 anos, o cérebro entra num processo de reconstrução. "É o que eu chamo de 'poda' das sinapses para que outras novas ocupem o seu lugar", afirma o psiquiatra Jorge Alberto da Costa e Silva, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), que estuda essas alterações na Escola Médica de Nova York. Segundo Silva, o cérebro faz uma limpeza de conexões que não têm mais utilidade — como as que surgiram para que a criança aprendesse a andar ou a falar, por exemplo — e abre espaço a novas.

Grosso modo, funciona assim: quanto mais são usadas, mais as conexões se desenvolvem e amadurecem. Imagine que para tocar um instrumento o indivíduo necessite de algumas sinapses. Quanto mais ele pratica, mais "fortes" ficam as conexões. Se não são usadas, elas ficam lá só ocupando espaço e são descartadas na adolescência. Ao mesmo tempo, o que a pessoa aprende nesse período fica para a vida inteira.

Esse intenso processo de monta e desmonta remodela toda a estrutura básica cerebral. Por isso, afeta "desde a lógica e a linguagem até os impulsos e a intuição", explica a jornalista Barbara Strauch, editora de medicina do jornal norte-americano The New York Times e autora do livro Como Entender a Cabeça dos Adolescentes, que apresenta as últimas pesquisas sobre o assunto.
Giovana Girardi

Super Interessante!!!

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