quarta-feira, 30 de setembro de 2009

PRIMEIRA SESSÃO DIAGNÓSTICA

Autora: Ana Michelle da R.C. Moura

O primeiro encontro sempre gera ansiedade em ambas as partes, terapeuta e paciente (família). A definição da forma da primeira entrevista vai depender do primeiro contato com a queixa que geralmente é feita por telefone.
A primeira entrevista deves ser feita com os pais caso o paciente:
« Já teve ou tem tratamento com outros profissionais como psicólogo, neurologista, fonoaudiólogo, psiquiatra, etc.
« Quando há duvida sobre diagnóstico anterior;
« Quando há discordância entre pais e escolas;
« Quando pais separados estão em atrito;
« Desvio muito grande entre idade cronológica e idade escolar;
Entrevista Familiar Exploratória Situacional – EFES é uma entrevista realizada com a criança e a família pode ser realizada primeiramente objetivando compreender:
« A queixa nas dimensões familiares;
« As relações e expectativas familiares com relação à aprendizagem e terapeuta;
« A aceitação e engajamento da família no diagnóstico;
« Realização do contrato;
« Esclarecer o que é um diagnóstico psicopedagógico;
« Criação de um clima de segurança.
É muito importante o registro fiel dessa entrevista, pois ao longo do processo diagnóstico fatos omitidos ou esquecidos podem ser acrescentados posteriormente o que modificara também a construção de hipóteses que variam ao longo do processo diagnóstico. Os dados colhidos na EFES devem ser comparados com os materiais colhidos durante o diagnóstico.
A presença doa pais na primeira entrevista juntamente com a criança somado a um ambiente atrativo (lúdico) facilitará o retorno da criança ao terapeuta contribuindo para que ela fique a sós com o mesmo.
É importante que a primeira entrevista com adolescente eja junto com os pais pois isso permitirá que o mesmo exponha sua dificuldade em nível de igualdade com os pais e terapeuta. A presença do terapeuta possibilita autonomia ao adolescente. Em alguns casos não se torna necessário dar continuidade ao diagnóstico, pois nessa entrevista pais e adolescente entram em consenso para a solução da queixa.
A EFES e desnecessária em alguns casos quando o paciente que procura o atendimento é um adolescente ou adulto. Com adolescentes, após a conversa inicial o terapeuta deve lançar desafios se ele não se dispuser a conversar espontaneamente, mas se o paciente é colaborador deixa em aberto algumas atividades com a utilização de jogos, sem forçar a sua participação. Nunca se deve propor problemas matemáticos o tarefas escolares, pois o que levou o paciente procurar a terapia foi uma dificuldade escolar e ele não vai querer deixar evidente o seu “ponto fraco”.

Outro tipo de entrevista que pode ser utilizada na primeira sessão diagnóstica é a Entrevista Centrada na Aprendizagem – EOCA. As propostas da EOCA variam de acordo com a idade e escolaridade do paciente. Os materiais utilizados para criança são: folhas de papel tipo oficio, papel paltado, folhas coloridas, lápis preto novo sem ponta, apontador, borracha, régua, caneta esferográfica, tesoura, cola, pedaços de papel lustroso, livros, revistas.

Deve-se deixar a criança produzir livremente durante essa sessão. É necessário observar três aspectos: a temática, a dinâmica e o produto feito pelo paciente, e partindo dessas observações constrói-se o primeiro sistema de hipóteses para continuar o diagnostico.
Para o adolescente a cessão é semelhante a da situação anterior, basta somente adequar às atividades ao nível de desenvolvimento cognitivo formal.
Além da EFES e EOCA existem outras opções para a realização da primeira sessão diagnóstica podemos citar:
« Entrevistas de motivo de consulta
« Entrevista de anamnese
« Entrevista Familiar DIFAJ (Alicia Fernandez)

O importante é obter informações que auxiliem na compreensão do paciente cógnita, afetivo-social, e pedagogicamente. Para a construção de hipóteses que nortearão a seqüência diagnostica e as instrumentos a serem usados.

REFERÊCIA:
WEISS, Maria Lúcia Lemme. Psicopedagogia Clínica – Uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. 13 ed. Ver. E aml: RJ Lamparina.2003.

Resumo do capítulo 4.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Monografia

Quando chega o momento de concluirmos nosso curso vemos muitas amigas se descabelando para escrever suas monografias, para ajudá-las estou postando esse link . Aproveitem!!!

Os Problemas na Aprendizagem

Autora: Ana Michelle da R. C. Moura.
Os problemas na aprendizagem podem ser classificados como:
Dificuldades de aprendizagem Evolutivas e secundárias.
  • Evulotivas: são dificuldades passageiras relacionadas com a metodologia de ensino inadequada, falta de assiduidade e problemas pessoais ou familiares temporários têm um prognóstico BOM, pois tendem a reagir com maior esforço do aluno e com ajuda pedagógica.
  • Secundáias: a dificuldade no desempenho escolar global advem de uma dificuldade no desenvolvimento humano em geral(dislexia, proplemas na fala, TDAH). O prognóstico depende do grau de gravidade dos quadros associados.

Transtornos de aprendizagem da leitura, escrita e matemática leve e moderado ou grave.

  • Leve e moderado: São problemas específicos na leitura, escrita e matemática não decorrentes de comprometimenos neurológicos, emocionais ou sensoriais não corrigidos. Observa-se a remissão do problema com o tratamento. A diferença entre leve e moderado é apena quantitativa. Têm um prognóstico BOM com acompanhamento terapêutico.
  • Grave: Gravidade dos sintomas e persistência ao longo da vida, embora podendo ser atenuada, mas não curada.(dislexia adiquirida secundária a um lesão, desevolvimento congênito)O prognóstico é RESERVADO (na dependência do nível de QI)

REFERÊNCIA:
Rotta, NT, Ohlweiler, L, Riesgo, RS. Transtornos de aprendizagem: abordagem neurobiológica e multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed, 2006

domingo, 20 de setembro de 2009

Os desenhos das crianças: análise e interpretação


Autora: Georgette Silene Aparecida de SouzaOficina Caçapava - SP


Os desenhos das crianças: análise e interpretação


O relato que vou apresentar é sobre o trabalho realizado junto a educadores numa oficina livre de artes visuais sobre a observação e análise de desenhos infantis. Com a utilização de textos e artigos de renomados educadores da área a proposta era a de observar os desenhos e através de debates e discussões em grupo, seguindo a orientação dos textos, procurar entender mensagens e códigos implícitos nos desenhos infantis.


Sem perceber, no momento de desenhar a criança transporta para o papel seu estado anímico, em todos os detalhes. Refletem seu mundo físico e psíquico, suas relações mais fortes, desejadas e indesejadas, fatos do passado e do presente e podem nos apontar direções futuras. É por isso que os desenhos das crianças permitem-nos incrementar consideravelmente nossos dados sobre seu temperamento, caráter, personalidade e necessidades.


Os desenhos ajudam-nos também a descobrir (e por que não re-descobrir?) e reconhecer as diferentes etapas pelas quais a criança está atravessando, os seus problemas e dificuldades, assim como seus pontos fortes. Como introdução ao trabalho deve-se explicar os principais tópicos das artes visuais relacionadas com o desenho: o ponto, o traço, a linha, a textura, a forma, as cores, entre outros.


Analisar um desenho não é o mesmo que interpreta-lo, pois existe uma diferença real e concreta em ambos os conceitos:



  • A análise responde a um enfoque técnico e racional.


  • A interpretação dos desenhos é o resultado ou a síntese da análise.

Assim que esses pontos foram expostos aos participantes os exercícios da primeira parte tinham como objetivo trabalhar a questão da análise. Havia sido pedido aos professores que trouxessem desenhos produzidos por seus alunos e que passaram a ser observados primeiramente sobre um enfoque mais técnico, seguindo os dados fornecidos anteriormente.


Nessa análise é importante que o educador faça um reconhecimento exaustivo dos elementos mais e menos presentes nos desenhos de seus alunos, compare-os com outros desenhos da mesma criança em produções anteriores para verificar se houve ou não uma evolução de linguagem e reconheça símbolos e sinais repetitivos. Todos os detalhes importam: a utilização das cores preferidas pelas crianças, o posicionamento desses desenhos dentro do perímetro da folha, sua divisão nos quatro planos, quais as personagens mais freqüentes em seus desenhos e a importância dada a cada um deles. Uma criança tímida e retraída costuma utilizar menos espaço para desenhar em uma folha, uma criança mais "agitada" tende a não observar os limites do papel e a não concluir o que inicia, forçando demais o lápis ou utilizando mais as cores quentes do espectro. Tudo pode ser utilizado e trabalhado dentro de sala de aula. Pedir aos alunos que desenhem escolhendo apenas uma cor ou o lado direito ou esquerdo da folha é um bom início de análise de um desenho.


É um trabalho rigoroso e difícil, pois nem sempre estamos abertos a conhecer ou respeitar esse universo, pensamos no desenho como uma atividade “livre” e que não tem a mesma importância da escrita. Entretanto, a escrita pictórica é a primeira forma de comunicação do ser humano com o mundo. Foi assim com nossos antepassados e suas pinturas e desenhos rupestres, foram assim com antigas civilizações que fizeram dos desenhos uma forma de comunicação que, com a evolução, adquiriu sons e fonemas, tornando-se o que hoje conhecemos como a escrita e a oralidade desses alfabetos.


Ainda hoje nosso primeiro contato com o mundo da escrita se dá através dos traços ingênuos e desprentesiosos que realizamos desajeitadamente em folhas de papel, quando um lápis é colocado em nossa mão, e percebemos que rola-lo por essa superfície provoca algo: uma apropriação de nossas idéias, uma maneira de expressa-las do nosso modo e a compreensão dela por parte de “outros” que estão ao nosso redor. É nesse momento que o desenho deixa de ser uma mera distração para tornar-se um poderoso meio de comunicação e interação entre crianças e adultos, educandos e educadores, pais e filhos.


Após a fase exaustiva de análise, que pode durar pouco ou muito tempo dependendo do público alvo, o educador terá em mãos materiais suficientes para realizar as primeiras interpretações dos desenhos de seus alunos. Primeiras porque durante a infância a criança cresce, seus modelos mudam, sua convivência se altera, sua consciência se expande, a visão de mundo se amplia e tudo isso se refletirá naquilo que ela representar. O que a princípio pode ser uma liberação espontânea de idéias irá se revelar como algo prazeroso ampliando os potenciais artísticos e de aprendizagem nas artes visuais. Para ilustrar melhor esse é o momento do trabalho em que os educadores são estimulados a produzirem desenhos. Após essa produção os desenhos são trocados entre os grupos e todos fazem a síntese dos elementos presentes e discutem qual as fases pelas quais os participantes estão passando em relação ao seu trabalho. Vale lembrar que o desenho adulto é bem diferente do da criança e que nesse caso essa parte do exercìcio é ilustrativo para que o participante compreenda como se dá o processo e incremente-o com seus próprios saberes.


Por esse motivo é importante que o educador tenha sempre várias produções da mesma criança, que as compare, que ofereça materiais diferentes para novas experiências que estimulem o desejo da criança em expor as idéias que estão na cabeça. Uma folha de formato diferente, um lápis que tem uma cor nova, uma história contada, tudo isso pode gerar o insight que vai liberar a criança em sua produção, e com isso gerarem mais dados analíticos para o educador.


Para os educadores o momento do “desenho livre”, tão criticado como sendo uma desculpa para não fazer nada, deve ser aproveitado como um momento de pesquisa e compreensão. O educador deve saber, através de sua prática e formação, quando o desenho livre é uma arma a seu favor e quando ele deve interferir com o desenho mais direcionado, no sentido de obter o maior número de dados possível de seu público alvo e também de incrementar a aprendizagem dessa criança no campo das artes visuais.


Quando se pensa em educação, principalmente a educação no Brasil, com todos os problemas que ela enfrenta, os educadores devem aproveitar todo o conhecimento adquirido para ampliar sua prática de forma positiva. Para isso, entretanto é necessário o compromisso de todos os envolvidos no processo educativo: o compromisso do educador em ensinar, o compromisso do aluno em aprender, o compromisso do poder público em fornecer recursos necessários, o compromisso da sociedade (pais, famílias, entidades, etc.) em acompanhar e apoiar iniciativas que venham a favorecer a educação.


Analisando o desenho de uma criança podemos ver nele suas necessidades, sonhos, problemas, vínculos, seu universo íntimo e periférico. O desenho de uma criança reflete a sociedade. Por que então não analisar e interpretar essa sociedade, no sentido de conhecê-la melhor, para se traçar as estratégias que possam ampliar e melhorar sua condição enquanto grupo de indivíduos que convivem juntos?


Bibliografia de referência:


A imagem no ensino da Arte, Ana Mae Barbosa, editora Perspectiva.


Formas de Pensar o desenho, Edith Derdyk, editora Scipione.


Como Interpretar os Desenhos das Crianças, Nicole Bédard, editora Isis.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

A HORA DO JOGO DIAGNÓSTICA

A hora do jogo diagnóstica é um instrumento utilizado no processo psicodiagnóstico que objetiva conhecer a realidade do paciente quando este é uma criança. Pois a atividade lúdica é para a criança um meio de comunicação semelhante à expressão verbal nos adultos.
Existe uma diferença entre a hora do jogo diagnóstica e a hora do jogo terapêutica. A diagnóstica tem começo, desenvolvimento e fim em si mesmo, objetivando conhecer o problema e suas possíveis causas. A terapêutica é contínua e existem modificações estruturais advindas da intervenção do terapeuta.
A hora do jogo diagnóstica é precedida das entrevistas realizadas com os pais e no primeiro contato com a criança e preciso dar instruções da sessão de forma clara.
Cada hora do jogo diagnóstica é uma experiência nova que deve ser realizado em um ambiente espaçoso, que possibilite uma boa movimentação, deve ter pouca mobília e de preferência com piso e paredes laváveis. Deve ser permitida a brincadeira com água e materiais diversos. Esses materias podem estar em cima de uma mesa e parte dentro de uma caixa aberta, não devem estar organizados em agrupamentos de classes. Os brinquedos não devem ser escolhidos aleatoriamente, mas em função das respostas específicas que provocam. Outro ponto importante é a quantidade que não deve ser exagerada.
Os materiais devem ser de qualidade para evitar estragos. Deve se evitar também os que possam colocar em risco a integridade física do psicólogo e paciente.
Quando a criança entra no consultório deve ser instruída de forma clara a respeito dos papeis, do tempo, do material que pode ser usado e sobre os objetivos esperados.
O psicólogo deve desempenhar um papel passivo. Caso a criança solicite a sua participação ele deve desempenhar um papel complementar. É importante o estabelecimento de limites caso o paciente fuja as instruções dadas ou se coloque em perigo.
O psicólogo deve proporcionar condições para que a criança brinque da forma mais espontânea possível. O objetivo é observar, compreendendo e cooperando com a criança.
Para a análise da hora do jogo diagnóstica não existe uma padronização, mas pautas oferecidas com critérios sistematizados e coerentes que orientam a análise. Devem-se considerar os indicadores mais importantes para o diagnóstico e prognóstico, por exemplo:

  1. Escolha de brinquedos e de brincadeiras: O tipo de brinquedo escolhido, o tipo de jogo, se tem começo, meio e fim, se é organizado e coerente e se corresponde ao estágio de desenvolvimento cognitivo em que a criança se encontra.
  2. Modalidade das brincadeiras: cada sujeito organiza a sua maneira de brincar de acordo com a modalidade que o seu ego escolhe para essa manifestação simbólica. Destaca-se entre as modalidades de brincadeiras a plasticidade, rigidez e estereotipia e perseverança.
  3. Personificação: é a capacidade que a criança tem de assumir e atribuir papeis de forma dramática. Essa capacidade deve ser analisada levando em consideração a forma de personificação própria a cada estágio de desenvolvimento cognitivo, lembrando que a passagem de um período para o outro não se realiza de forma linear nem brusca, mas com sucessivas progressões e regressões.
  4. Motricidade: observa-se a adequação motora da criança na etapa de evolução que atravessa focando nos indicadores de deslocamento geográfico, possibilidade de encaixe, preensão e manejo, alternância de membros, lateralidade, movimentos voluntários e involuntários, movimentos bizarros, ritmo de movimento, hipersinesia, hipocinesia e ductibilidade.
  5. Criatividade: Observar a capacidade de unir ou relacionar elementos em um novo e diferente.
  6. Tolerância à frustração. Como a criança reage em tolerar ou se frustrar em determinados momentos.
  7. Capacidade simbólica: podemos avaliar a riqueza expressiva, a capacidade intelectual e a qualidade do conflito.
  8. Adequação a realidade: devemos observar como a criança age em ter que se desprender da mãe. Se age de acordo com sua idade, como compreende e aceita as instruções. Deve-se observar a aceitação ou não do enquadramento espaço-temporal e a possibilidade de se colocar em seu papel e aceitar o papel do outro.

O brincar da criança psicótica
A criança necessita de adequação a realidade por falta de discernimento da realidade como se apresenta. Escolhe os brinquedos e brincadeiras com base em sua estrutura psicótica. No psicótico, significante e significado são a mesma coisa, sua brincadeiras são estereotipadas ou rígidas. Possui movimentos bizarros e desrelacionadas ao contexto. Não existe capacidade de imaginação, mas fantasias. Os seus personagens são cruéis e com grande carga de onipotência e sua tolerância à frustração é mínima.

O brincar da criança neurótica
A criança neurótica tem uma adequação parcial à realidade e escolhe seus brinquedos e brincadeiras pela sua área de conflito. A capacidade de criatividade é diminuída dependendo do seu grau de síntese egoítica, brinca com personagens mais próximos a realidade, mas com rigidez na atribuição de papeis sua modalidade de brincadeira se alterna em função das defesas do ego predominantes. Sua motricidade é variável.

O brincar da criança normal
A criança normal tem uma boa capacidade de se adaptar a realidade e escolhe suas brincadeiras de acordo com as funções e interesses de sua idade, expressa suas fantasias através de uma atividade simbólica com maior riqueza. Possui uma motricidade adequada ao seu desenvolvimento cognitivo. A criança dá livre curso à fantasia, atribuindo e assumindo diferentes papeis na situação de vínculo com o psicólogo aumentando assim a capacidade de comunicação.

Referência:

SIQUEIRA, de Ocampo Maria Luísa (orgs) “Processo psicodiagnóstico e as técnicas projetivas”. 9ª Ed. São Paulo. Martins Fontes. 1999(Psicologia e Pedagogia)

ENTREVISTA OPERATIVA CENTRADA NA APRENDIZAGEM – EOCA

A Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem (EOCA) é um instrumento inspirado na psicologia social de Pichon-Rivière, nos postulados da psicanálise e no método clínico da escola de Genebra foi idealizado por Jorge Visca e é um instrumento de uso simples que avalia em uma entrevista a aprendizagem. (BOSSA, 2007.p.46)
Uma forma de primeira sessão diagnóstica é proposta por Jorge Visca (1987, p. 72) através da Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem – EOCA, ao dizer:

“Em todo momento, a intenção é permitir ao sujeito construir a entrevista de maneira espontânea, porém dirigida de forma experimental. Interessa observar seus conhecimentos, atitudes, destrezas, mecanismos de defesas, ansiedades, áreas expressão da conduta, níveis de operatividade, mobilidade horizontal e vertical etc”. (Weiss apud Visca, 2007, p. 57).

As propostas a serem feitas na E.O.C.A, assim como o material a ser usado, vão variar de acordo com a idade e a escolaridade do paciente. O material comumente usado para criança é composto numa caixa a onde o paciente encontrará vários objetos, sendo alguns deles relacionados à aprendizagem, tais como, cola, tesoura, papel sulfite branco e colorido, papel crepom e seda, coleção, cola colorida, livros de leituras, revistas para recorte e colagem e diversos outros materiais.
O objetivo da caixa é dar ao paciente a oportunidade de explorá-la enquanto o psicopedagogo o observa, nesse momento serão observados alguns aspectos da criança como: a sua reação, organização, apropriação, imaginação, criatividade, preparação, regras utilizadas, etc.
De um modo geral, usam-se propostas do tipo: “Gostaria que você me mostrasse o que sabe fazer, o que lhe ensinaram e o que você aprendeu”, “Esse material é para que você o use como quiser”, “Você já me mostrou como lê e desenha, agora eu gostaria que você me mostrasse outra coisa”.
Durante a realização da sessão, é necessário observar três aspectos:

  • A temática, que envolverá o significado do conteúdo das atividades em seu aspecto manifesto e late
  • A dinâmica, que é expressa através da postura corporal, gestos, tom de voz, modo de sentar, e manipular os objetos etc.;
  • O produto feito pelo paciente, que será a escrita, o desenho, as contas, a leitura etc., permitindo assim uma primeira avaliação do nível pedagógico.
    A partir da análise desses três aspectos, o autor propõe que se trace o primeiro sistema de hipóteses para continuação do diagnóstico.


REFERÊCIA:
WEISS, Maria Lúcia Lemme. Psicopedagogia Clínica – Uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. 13 ed. Ver. E aml: RJ Lamparina.2003.

sábado, 12 de setembro de 2009

Guia para conseguir uma escuta psicopedagógica

Para a realização de uma avaliação psicopedagógica é necessário muito mais que somente um simples olhar e uma atenta escuta e imprecindível que se olhe e se escute além dos sentidos naturais. segue abaixo um guia com seis itens importantes para conseguir um a escuta psicopedagógica adequada.
1. Escuta- Olhar:
Escuta:receber, aceitar, abrir-se, permitir, impregnar-se.
Olhar: Seguir, procurar, incluir-se, interessar-se, acompanhar.
2. Deter-se nas fraturas do discurso:
Discurso (mensagem sobre a mensagem)
  • Lapsos;
  • didficuldades na expressão, da forma metafórica para referir-se a uma situação das frases incompletas;
  • das incongruências;
  • dos cortes;
  • das reticências;
  • das repetições.

3. Deter-se na fratura e observar relacionando com o acontecido anteriormente.

4. descobrir os esquemas de ações subjacentes.

Esquema de ação:discurso lúdico, verbal e corporal (cortes, omissões e alterações)

5. Buscar a repetição do esquema de ação:

Na produção do paciente, mas além disso, na relação entre produção do paciente e de sua família.

6. Interpretar a operação que forma o sintoma:

Existe certa filiação entre a operação escolhida pelo atrape da inteligência e que esta operação pode significar.(p42)

O significado do problema de aprendizagem não deve ser buscado no conteúdo do material sobre o qual se opera, mas na operação como tal.(p.43)

Referência:

FERNÁNDEZ, Alícia, A inteligência Aprisionada; Tradução Iara Rodrigues.- Porto Alegre: Artmed,1991.P131-133.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Sobre a Psicopedagogia

1. O que é a psicopedagogia?
A Psicopedagogia estuda o processo de aprendizagem e suas dificuldades, tendo, portanto, um caráter preventivo e terapêutico. Preventivamente deve atuar não só no âmbito escolar, mas alcançar a família e a comunidade, esclarecendo sobre as diferentes etapas do desenvolvimento, para que possam compreender e entender suas características evitando assim cobranças de atitudes ou pensamentos que não são próprios da idade. Terapeuticamente a psicopedagogia deve identificar, analisar, planejar, intervir através das etapas de diagnóstico e tratamento.
2. Quem são os psicopedagogos?
São profissionais preparados para atender crianças ou adolescentes com problemas de aprendizagem, atuando na sua prevenção, diagnóstico e tratamento clínico ou institucional.
3. Onde atuam?
O psicopedagogo poderá atuar em escolas e empresas (psicopedagogia institucional), na clínica (psicopedagogia clínica).
4. Como se dá o trabalho na clínica?
O psicopedagogo, através do diagnóstico clínico, irá identificar as causas dos problemas de aprendizagem. Para isto, ele usará instrumentos tais como, provas operatórias (Piaget), provas projetivas (desenhos), EOCA, anamnese.Na clínica, o psicopedagogo fará uma entrevista inicial com os pais ou responsáveis para conversar sobre horários, quantidades de sessões, honorários, a importância da freqüência e da presença e o que ocorrer, ou seja, fará o enquadramento. Neste momento não é recomendável falar sobre o histórico do sujeito, já que isto poderá contaminar o diagnóstico interferindo no olhar do psicopedagogo sobre o sujeito. O histórico do sujeito, desde seu nascimento, será relatado ao final das sessões numa entrevista chamada anamnese, com os pais ou responsáveis.
5. O diagnostico é composto de quantas sessões?
Entre 8 a 10 sessões, sendo duas sessões por semana, com duração de 50 minutos cada.
6. E depois do diagnóstico?
O diagnóstico poderá confirmar ou não as suspeitas do psicopedagogo. O profissional poderá identificar problemas de aprendizagem. Neste caso ele indicará um tratamento psicopedagógico, mas poderá também identificar outros problemas e aí ele poderá indicar um psicólogo, um fonoaudiólogo, um neurologista, ou outro profissional a depender do caso.
7. E o tratamento psicopedagógico?
O tratamento poderá ser feito com o próprio psicopedagogo que fez o diagnóstico, ou poderá ser feito com outro psicopedagogo. Durante o tratamento são realizadas diversas atividades, com o objetivo de identificar a melhor forma de se aprender e o que poderá estar causando este bloqueio. Para isto, o psicopedagogo utilizará recursos como jogos, desenhos, brinquedos, brincadeiras, conto de histórias, computador e outras situações que forem oportunas. A criança, muitas vezes, não consegue falar sobre seus problemas e é através de desenhos, jogos, brinquedos que ela poderá revelar a causa de sua dificuldade. É através dos jogos que a criança adquire maturidade, aprende a ter limites, aprende a ganhar e perder, desenvolve o raciocínio, aprende a se concentrar, adquire maior atenção.O psicopedagogo solicitará, algumas vezes, as tarefas escolares, observando cadernos, olhando a organização e os possíveis erros, ajudando-o a compreender estes erros.Irá ajudar a criança ou adolescente, a encontrar a melhor forma de estudar para que ocorra a aprendizagem, organizando, assim, o seu modelo de aprendizagem.O profissional poderá ir até a escola para conversar com o(a) professor(a), afinal é ela que tem um contato diário com o aluno e poderá dar muitas informações que possam ajudar no tratamento.O psicopedagogo precisa estudar muito. E muitas vezes será necessário recorrer a outro profissional para conversar, trocar idéias, pedir opiniões, ou seja, fazer uma supervisão psicopedagógica.
8. Como se dá o trabalho na Instituição?
O psicopedagogo na instituição escolar poderá:- ajudar os professores, auxiliando-os na melhor forma de elaborar um plano de aula para que os alunos possam entender melhor as aulas;- ajudar na elaboração do projeto pedagógico;- orientar os professores na melhor forma de ajudar, em sala de aula, aquele aluno com dificuldades de aprendizagem;- realizar um diagnóstico institucional para averiguar possíveis problemas pedagógicos que possam estar prejudicando o processo ensino-aprendizagem;- encaminhar o aluno para um profissional (psicopedagogo, psicólogo, fonoaudiólogo etc) a partir de avaliações psicopedagógicos;- conversar com os pais para fornecer orientações;- auxiliar a direção da escola para que os profissionais da instituição possam ter um bom relacionamento entre si;- Conversar com a criança ou adolescente quando este precisar de orientação.
9. O que é fundamental na atuação psicopedagógica?
A escuta é fundamental para que se possa conhecer como e o que o sujeito aprende, e como diz Nádia Bossa, “perceber o interjogo entre o desejo de conhecer e o de ignorar”.O psicopedagogo também deve estar preparado para lidar com possíveis reações frente a algumas tarefas, tais como: resistências, bloqueios, sentimentos, lapsos etc.E não parar de buscar, de conhecer, de estudar, para compreender de forma mais completa estas crianças ou adolescentes já tão criticados por não corresponderem às expectativas dos pais e professores.Texto de Samaia Sampaio, você pode pegar o original em : http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/a_psicopedagogia.htm
Estou disponibilizando alguns endereços de Artigos interessantes para estudantes de Psicopedagogia:http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/artigos_simaia.htm
http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/artigos.htm
http://www.pedagobrasil.com.br/artigosanteriores/pedago_psico.htm

Super Interessante!!!

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